domingo, 2 de março de 2014

Memórias

Hoje é mais um dos domingos chuvosos que nos têm acompanhado ao longo deste forte Inverno. Habitualmente aproveitamos destes dias para ficar na cama, acabar o livro que deixamos sempre para "quando tiver tempo", ver um filme ou fazer uma maratona daquela série que até nos cativa mas acabamos sempre por apanhar os episódios já a meio na TV. Mas hoje não. Hoje dou por mim... com saudades.
Nestes dias, parece que o céu escuro e a rua molhada nos remonta ás nossas memórias que julgávamos já esquecidas..
Não sou pessoa de precisar de nada em concreto para me relembrar de bons momentos da minha vida ,(apesar de ser super esquecida) maioritariamente basta-me fechar os olhos e...  já está.
Na melhor das hipóteses, as memórias nos aconchegam a alma e nos fazem sorrir..mas não no meu caso,
Para mim, memorias remontam-me aquilo que tive e perdi pelo caminho, aquilo que vivi e posso não mais repetir..aquilo que podia ter feito e não fiz. Nestes dias daria tudo para não ser assim tão melancólica e não prestar tanta atenção ao que me entristece ao invés do que me faz bem..mas sou mesmo assim.
De olhos fechados relembro as amizades que tive e as loucuras que cometemos juntos e uns pelos outros. Amizades essas que fui perdendo aos poucos, restando uma nos dias de hoje. Será que somos como uma árvore que, á medida que o tempo passa, temos de nos livrar das folhas secas? A verdade é esta, folhas caídas e secas deixam-nos marcas na mesma, assim como nos deixam saudade.
Mas o que é a saudade? Acho que a saudade só existe mesmo em português como dizem os "Macacos do Chinês", visto não existir esta palavra em mais nenhuma língua. Somos um povo sentimental. Personalidades de sangue quente mas tristeza corrente, com coração agri doce. Quando nos vemos envoltos neste sentimento, movemos montanhas, atravessamos rios e percorremos pontes, tudo e qualquer coisa que nos tire a angustia. Mas, na verdade, chega a ser também um sentimento gratificante. Relembramo-nos que demos valor ao passado e que o vivemos, não deixamos que as coisas passassem apenas por nós, que existimos.
Apesar das memórias me balançarem e me remexerem nos sentimentos por me relembraram de tudo aquilo que já tive, os segundos de tristeza depressa passam quando olho em volto e vejo o que tenho hoje, agora. Se vivi no passado, se não me permiti ser passivo no comando da minha vida, porque permitirei agora que que as memórias do que já fui e do que já tive, ofusquem o que tenho agora? O que sou, o que posso vir a ter ou ser?
Sendo assim, mantenho esta saudade do que tive, estas memórias do que perdi, que me mantém na linha, mostrando que tenho de ter para perder.
Daí, tenho de viver.
Relembrem o passado na ânsia de construírem um agora melhor. Pois logo, o futuro será o agora, e o agora o passado. E terão vocês criado memórias que tenham valido a pena? Não enquanto não deixarem que o vento arranque todas essas folhas secas...

Bom Domingo  

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Interesse

A noite cai, e com ela, desaparece a luz que ao longo do dia nos distrai, ou que então, não nos permite ver ,com tanta clarividência, aspectos que normalmente despoletariam enumeras reacções em nós. E, meus amigos, não das mais bonitas.
Hoje vos interrompo para vos falar do interesse, ou então, desinteresse de que somos alvos diariamente.
Será que sou a única que, por intermédio de alguém de quem recentemente me aproximo, acabo por me aproximar também dos amigos, familiares e etc dessa mesma pessoa? Pergunto retóricamente, pois sei que é o que de mais normal nos acontece. Mas, de novo pergunto. Serei a única que quando algum problema surge, vê todas essas pessoas desaparecerem? Onde está a irmã, a mãe, a prima? Onde está o melhor amigo ou os amigos do café?
Mas o que eu será que leva as pessoas a fazer isso? Não me venham com a desculpa de que "ah e tal..já era amigo do outro antes..". Uma ova! 
Dou por mim a pensar que a errada serei eu e não os outros, chego a duvidar de mim..Chego a sentir-me usada. Por tudo aquilo que dei aquelas pessoas..merecia mais. Não falo de bens materiais pois, na minha vida, isso é o que menos vale. Falo de sentimentos, de partes de mim que dei e deixei a cada um deles. Se servi até a última, porque deixei de o fazer? Tornei-me dispensável como a televisão da sala apenas porque já não dá para ver aquele canal? Metaforicamente falo, mas é assim como me fazem sentir.
Sei, que se pensar bem, o problema não esta em mim, mas sim naqueles que nada mais vêem a não ser o pequeno mundo deles. Pequeno de tal forma que não os permite ver o que os rodeia. Mas não minto, dentro de mim há aquela necessidade de fazer aquela chamada, mandar aquela mensagem e deitar tudo cá para fora, a atropelar mesmo, não deixando espaço para reacção. Mas, no final de contas, de que serve? Não estarei eu a dar importância que a mim não foi dada?
Tenho pena, vos garanto que tenho. Este tipo de atitudes são aquelas que geram avalanches de tanto que criam bolas de neve.
Eu, por agora, desisto.
Desisto de me aproximar do amigo, da tia, do primo. Não por despeito, apenas porque até ao momento não tive uma única prova que de esses adjacentes me deixassem de ver como a "amiga daquele" e me vissem como uma pessoa. Exactamente da mesma forma como a eles sempre os vi.
Hoje em dia, acho que é isso que nos falta, o que vos falta.
Deixar de ver os outros, como os "outros", como objectos, como vantagens, como lucros. Vermos-nos como pessoas, como irmãos. Pessoas essas com sentimentos, que querem ser vistas, amadas, e acima de tudo amar.
Por isso vos peço, olhem á vossa volta. Vejam o que estão a fazer com quem vos rodeia. Não se aproximem por aproximar, não amem por amar. 
Amem quem vos ama, quem vocês querem realmente amar e, acima de tudo, dêem valor aquilo de melhor tem. Apenas porque, normalmente acabamos por negligenciar quem de melhor temos por aqueles que...vocês sabem.

Boa noite meu povo;

                                              -águaturva